A Mudança da Capital e a Construção de uma Identidade para Ouro Preto.

RESUMO:

Muito se tem pesquisado e escrito a respeito de Ouro Preto, especialmente dos períodos que compreendem o ciclo do ouro e após a consagração do patrimônio.

A riqueza de relatos e referências documentais tem contribuído para uma grande produção literária e acadêmica acerca destes períodos. É também recorrente a afirmação de que a idéia de proteção do patrimônio ouro-pretano foi desenvolvida a partir dos discursos proferidos por ocasião das comemorações do bicentenário da cidade, em 1911, e se consolidaram com a legislação de proteção do patrimônio, já na década de 1930.

Entretanto, há indicações de que a idéia de preservação da cidade, fundamentada em valores históricos e artísticos, está presente no conteúdo dos discursos propalados em defesa da manutenção de Ouro Preto como capital do Estado, a partir da elaboração da nova constituição estadual, já em período republicano, e veiculados na imprensa local e ao longo dos debates constitucionais.

Aqueles que defendiam a mudança da capital, os “mudancistas” lançaram mão de argumentos técnicos que justificavam a não permanência do poder estadual em Ouro Preto, dadas as suas limitações geográficas e carências econômicas. Já os “não-mudancistas”, como ficaram conhecidos os opositores da mudança, na falta de argumentos técnicos, se empenharam em defender Ouro Preto apelando para valores históricos e culturais que viriam a ser base da formação do ideário preservacionista. Tais discursos fazem parte de uma longa disputa ideológica.

A partir de um levantamento minucioso de periódicos e anais do congresso, este trabalho pretende identificar nos discursos “não-mudancistas”, o conteúdo ideológico que corrobore a afirmação de que a idéia de preservação da cidade, fundamentada em seus valores histórico-culturais já estava sendo construía no século XIX.

Para tanto serão pesquisados acervos e hemerotecas locais e em Belo Horizonte, notadamente o Arquivo Público Mineiro. Após o levantamento uma análise comparativa entre os conteúdos identificados e a literatura consagrada e a elaboração de um documento final com as conclusões do trabalho.